segunda-feira, dezembro 04, 2006
epístola ao poeta marcos prado
daqui desta terra firme
a ti, príncipe invicto,
mecenas das idéias de estirpe
do poeta mais indigno
enfermo de tua ausência
tento curar por escrito
a tua súbita transferência
quem quebrou deve colar o partido
tu te ausentastes de nossa esfera
porque esse povo maldito
te pôs em pé de guerra
e aí vives em paz contigo
os dias não mais te acham
o tempo, teimoso, bate e volta
pelo meio dos caminhos que passam
quando chegas à solidão que te revolta
vejamos pelo lado positivo:
não te batem mais à porta
o vendedor de enciclopédia, o falso amigo,
o verdadeiro amigo, esse bando de borra-bosta
hoje, aí na ilha, visitam-te pescadores de redada
povo simples, sincero e distraído
que entra com a boca fechada
e sai de queixo caído
caçula, fino, laurentino, magal e seo pseudônimo
três que bebem nada, dois que bebem todas por um
superagüi, água superior, menina dos olhos de posseidon
vistos do chão, céu e mar não se largam de jeito nenhum
tu, tesouro e tesoureiro, aquele pelo que vales
este, por seres como o pássaro sem pouso,
que come e dorme durante o vôo,
sabes ser vela e timão pelos sete mares
de noite tomas as frescas e vês as luas
de quarto em quarto até a nova escuridão
para, em claro, passá-la dormindo no bem bom
e quem sabe, certeza, sonhes e quiçá nele me incluas
eu, que como tu, escrevo por fora da linha
faço desta pena um cavalo para tuas visitas
nem adeuses nem até logos entre pessoas esquisitas
o que conversamos não se dissolve em cal fina.
Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
participação especial: Gregório de Matos Guerra
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