sábado, dezembro 30, 2006





anoiteceu em todo quintal
uma fieira de grilos transparentes
só / desapareço / brilhante



Astrália
Marcos Prado
1961-1996

Mais vivo do que nunca




Esse ano foi que é um tufo. Passou bem.
E ficou na saudade, assim como
Também ficou o poeta Marcos Prado.
Somo os 10 anos que ficamos sem
Ele e o resultado é um incômodo
Enorme, um final de ano marcado
Pra sempre a ferro e fogos de artifício.
Foi-se o cantor, o mestre ilusionista,
Rei da palhaçada, gênio do ofício,
Batuqueiro dos extremos, o artista,
Que deu vida e graça à alegria
E à poesia nossa de cada dia.

Trinta e um de dezembro, era uma vez
Mil novecentos e noventa e seis.


Antonio Thadeu Wojciechowski

A Festa - 15 de dezembro













Dia 15 de dezembro - Rettamozo e JM














quarta-feira, dezembro 27, 2006

Dia 15 - declamadores, tocadores e cantores


A Riqueza do Pilar



MoniZoe emocionada



Tácito fotogênico



Edson Vulcanis de Aranha



Smaniotto no brilho



Justen ajustando



O Rei da Verve




Walmor, Ferreira e a supimpa presença de S. Viralobos
cantando sucessos que nunca mais ninguém escutou



Frank e e Ferry Lover debulhando as letras do Prado/
fotos de Alessandro Wojciechowski

Beto Batata e A Gata Comeu



Ivan disciplinando os batateiros




Thadeu arrepiando os gata comidos
Fotos de Ricardo Pozzo

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Registros / Chinaski


Adriano Smaniotto mandando bala



Ferry Lover, que música pouca é bobagem



Eu até cantei! O mundo está perdido mesmo



Taticamente, Tácito foi o porta-voz



No Chinaski, deu tudo certo.
Fotos de Ricardo Pozzo

sexta-feira, dezembro 15, 2006




o que aprendi com os amigos
não reneguei nem esqueci
não me acho o melhor dos vivos
e até hoje, que eu saiba, não morri


aprendi, sim, e com maestria
dos todos que até hoje encontrei
o amor pelo que chamam poesia
que é hoje tudo que tenho e sei


imaginei-me ontem o pior de todos
porque almejo algo acima do solo
como se em meu cérebro eletrodos
me jogassem dos 34 anos para o colo


hoje, porém, nascendo o dia azul
olhei pela janela e tudo amarelo –
havia em mim uma espécie de exul
tação aos amigos, à poesia, ao belo



Marcos Prado (1962-1996)

15 DE DEZEMBRO

Gente, hoje é o dia - apareçam!!!




15/12 (6ª f)
CELEBRAÇÃO AO ANIVERSÁRIO DO POETA MARCOS PRADO
Local: Feira do Poeta / Palacete Wolf (Praça Garibaldi, nº 7), a partir das 19h


19h
OS CATALÉPTICOS
Palestra sobre as livres-adaptações feitas por Marcos Prado e parceiros
Poeta e Professor de Literatura: Adriano Smaniotto


20h
DE CARA COM O PRADO I
Abertura da exposição
Horário de visitação: 9h às 18h


NÃO TEMOS NADA A PERDER
Lançamento do livro
Autores: Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
Local: Livraria Dario Vellozo


NO FIM DA PICADA
Performance com poemas de Marcos Prado
Direção e atuação: Jota Eme


MARCOS PRADO TRIDIMENSIONAL
Vídeo com o poeta
Seleção do material: Araiê Prado Berger de Oliveira e Antonio Thadeu Wojciechowski.
Roteiro, adaptação e edição: Rafael Lopes


COMES & BEBES & FUMACÊS
Coquetel


21h
BANDA PUMCATAPUMTIMBUM
Lançamento do CD As crianças da platéia
Baile da 1ª idade, em homenagem ao espírito infantil (erê) do poeta Marcos Prado
Banda Pumcatapumtimbum:
Palhaço com fala, disritmia e clímax: Retta
Voz e acordeom: Maestro Manchinha
Voz, violão, cavaquinho, cordas e outros: Gegê Felix
Voz, rabeca, pandeiro e brinquedos: Carlinhos Ferraz
Voz e percussão: Thayana Barbosa


21h30m
ACABOU-SE TUDO
Declamações de poemas de Marcos Prado
Declamadores: Adriano Smaniotto, Antonio Thadeu Wojciechowski (Direção), Carlos Daitschman, Edson de Vulcanis, Gigio Venturelli, Monica Prado Berger.
Participação especial: Ieda Godoy


22h
MUSA PUNK
Músicas em parceria com Marcos Prado
Luiz Ferreira e Walmor Góes

O LOUCO IN LOCO
Poema visual sobre tela Retta


22h30m
PUNK POGO PRADO
Som mecânico para música ambiente
Bandas e músicos curitibanos: Antonio Thadeu Wojciechowski, Beijo AA Força, Os Catalépticos, Os Cervejas, Opinião Pública, Tatára, Trindade e outros nacionais e internacionais.
Edição sonora: Luiz Ferreira

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Não quero ser seu namorado

você gastou tempo e perícia
pra que eu ficasse apaixonado
mas tropeçou em tanta astúcia
o seu charme piscou o olho errado


depois fumou todo meu cigarro
roubou meu isqueiro roubado
bateu a porta e o carro
e eu continuei ali sentado


outro dia chegou pelo correio
sua orelha e um pulso cortado
meu bem, te reconheci pelo cheiro
mas não fiquei preocupado


só saí e comprei um revólver
baby, eu não queria andar armado
mas sua estupidez não lhe deixa ver
que eu não quero ser seu namorado




Marcos Prado

quarta-feira, dezembro 13, 2006

O BEIJO PUNK




Nos anos 80, no boom do rock nacional, surgia uma banda em Curitiba chamada Beijo AA Força. Com muito sangue punk nas veias, faziam (e fazem) uma música ligeira pra diabo. Um dos seus letristas? Marcos Prado (15/12/1961, às 22:00, Curitiba-PR).

Esta, junto com Sergio Viralobos, virou um hit: a violência é tão fascinante/ queria ter dito isto antes/ não fui eu que inventei o terror/ nada me impede de ser um monstro/ ao menos por um minuto/ enquanto esquento o pavio curto/ um simples massacre no aeroporto/ com meu detonador de dinamite/ ver estrelas não é bonito?/ se você ainda estiver vivo/ desconfie do seu bom gosto/ o defeito melhora o seu rosto (Diário de um palestino).


Em sua carta astrológica a presença de Plutão e Urano surge na casa 1, aquela que revela a face que fazemos questão de mostrar ao mundo. Esta posição entre Plutão – o Destruidor e Urano – a Verdade Seca, combina com alguém que fazia da ironia e da destruição uma estética. Para você não dizer que eu estou forçando os fatos, veja o que a astróloga Liz Greene diz a respeito desse casamento: "Urano junto com Plutão sugere uma visão política, associada a uma necessidade urgente de destruir velhas atitudes e concepções. É evidente que essa é uma combinação extremamente obsessiva e potencialmente violenta. (...) a idéia básica de urano é a liberdade contra qualquer repressão, e se vocês colocarem isso junto com a urgente necessidade emocional de Plutão, então a busca por essa liberdade não será de forma alguma particularmente gentil. As pessoas que nasceram por volta de 61 a 68 têm este aspecto. Resta saber em qual casa astrológica eles residem (essa informação depende do horário do nascimento) e com isso apontar em qual área da vida de cada um dessa geração tende a romper e a destruir velhas estruturas".

No caso do Marcos, provavelmente ele foi empurrado a assumir enquanto persona essa face Urano-Plutão.

Esta conjunção planetária é muito o espírito do punk, do do it yourself, cruza de Nietszche com Gregório de Mattos, puro niilismo. Aliás, essa geração rompe com o sonho hippie da geração anterior, da turma do Paulo Leminski, significada por um forte aspecto de Netuno, o deus do amor universal e da comunhão. Geração Urano-Plutão não espera a redenção e nem tem ilusões. Eles vieram para destruí-las. Este espírito anárquico era uma constante nos poemas de Marcos Prado. Por exemplo:


uma casinha financiadinha/ uma mulherinha e três filhinhos/ um empreguinho e um creditozinho/ tomar nos fins da semaninha/ uma cervejinha com os amiguinhos/ eta vida bosta meu deus!


Urano e Plutão estão em Virgem, no momento do seu nascimento. Acompanha mais um pouco o pensamento da Liz Greene: "Os valores que serão atacados serão os tipicamente virginianos: empregos burocráticos (...), uma existência monótona, obediência sem nenhum questionamento ao sistema, materialismo mesquinho, preocupação com a ordem e com a moralidade convencional".


Marcos Prado foi um genuíno representante desta geração. Nele os mitos são estraçalhados com uma ferocidade tremenda. Não sobra ninguém. Indivíduos da Canhota Militante, o comunismo, os amantes, a democracia, a astrologia, a posteridade, meninas burguesinhas e ele próprio são destruídos com a mesma força.


este traste que você está vendo/ conhece todos os teus defeitos

Só me resta gostar dos outros/ já que fodeu tudo/ tudo bem, existe bom e monstro (...)


Somando isso com a forte ênfase em signos de Fogo (ele é um Sagitário, Lua em Áries e Leão Ascendente) fez com que fosse uma pessoa inquieta, arteira, viva, explosiva e sedenta de espírito e velocidade. O exagero. O excesso do excesso. A gargalhada. Aqui há o exagero, tanto no entusiasmo quanto na tristeza.


Não o conheci pessoalmente, mas com essa configuração no mapa imagino que ele deve ter sido uma pessoa que estava sempre pronto para liderar (Lua em Áries) contagiando a todos com seu pensamento e entusiasmo (Sol-Mercúrio em Sagitário). Ao mesmo tempo, sincero como um cavalo, impulsivo como um grito.

Ênfase em signos de Fogo sugere uma alma rebelde que se sente preso no corpo. Porque Fogo valoriza o espírito, a alma, a fantasia, a criação, a rebeldia, o lance de trazer luz à luz. Incomoda-se um pouco com as limitações que o corpo impõe. Enfim, a pessoa é um incendiário.


Marcos Prado foi um agitador cultural. Às próprias custas. Lançou, sem estar vinculado a qualquer editora, n livros de poesia. Um atrás do outro. Nos quais compartilhava a criação com outras cabeças e corações. Inventou junto com seus parceiros (Thadeu, Roberto Prado, Cobaia, Vulcanis, Viralobos, etc.) o fazer poesia em coletivo. Essa era uma maneira de achincalhar com a sua individualista Curitiba e, principalmente, um modo de se divertir à beça.

Aquele impulso todo de destruição, indicado por seu Urano-Plutão, vai explodir na casa 4 da carta astrológica de Curitiba. A casa 4 representa valores profundamente enraizados num mapa em questão. No caso, uma vida comedida e baseada no trabalho representado pelo signo que ocupa este lugar, Virgem. Os valores da classe média que Marcos fez questão de mostrar o quanto é mediana e medíocre. É como se Plutão de Marcos, ali localizado, mostrasse todos os podres que são mantidos em segredo. Sabe quem também fez isso por ter essa mesma situação do seu mapa incidindo sobre o mapa de Salvador? Gregório de Mattos.

Marcos Prado se identificava muito com o espírito do Gregório. Principalmente com aquele da boca suja, da ironia violenta, do destruidor que o fez ganhar o singelo codinome de Boca do Inferno. Essa semelhança se vê no resgate do soneto movido a mote tão comuns a Gregório. Aliás, outra rebeldia, numa época que a “poesia concreta” (que ele odiava) e o hai-cai estavam virando regra.

Gregório acabou sendo exilado. Marcos Prado morreu em Curitiba, no dia 31 de dezembro de 1996.

se o corpo abandonar minha alma/ não tenha de mim uma idéia falsa/ não chore, mantenha a calma/ estou morto por minha causa/.../ cuidado: assim como sua mala/ o meu caixão não terá alça

Morreu num dia no qual invariavelmente há expectativa de festa. Fez de propósito.


João Acuio
p.s.: J. Acuio é astrólogo, reside em Curitiba e posssui um blog: Num dia de Júpiter, na hora de Marte

terça-feira, dezembro 12, 2006





Não se afobe com essa menina,
é preciso classe para dominá-la.
Calma, ela é que o ensina
onde se deve ou não tocá-la.



Por ter as formas perfeitas,
e os macios, simétricos gomos,
é mais carinhosa com quem a ajeita
do que quem a persegue como gnomos.



Apesar de ser o centro das atenções,
e ter poder sobre o mundo todo,
ela rola, humilde, entre as paixões,
exposta ao sol, à chuva, ao lodo.



Não se incomoda que a matem no peito,
que a chutem, que a dividam, que a isolem,
que a levem no bico, e, com efeito,
ela procura o ângulo que lhe escolhem.



Carente, ela também busca o abraço
daquele que melhor a encaixe,
do que a tem ao alcance do braço,
dona absoluta do seu passe.



Com o tempo, seus parceiros mudam.
Alguns, com ela, conseguem glória e dinheiro
e pensam que a dominam. Mas não se iludam:
ela sempre comemora o gol primeiro.



Esta é a bola, genial, feminina,
fascínio de quem defende e ataca.
Aos grossos, ela, cruel, fulmina.
Aos artistas, ela brinda o gol de placa.



marcos prado

p.s.: a garota da foto é Araiê, a filha única do poeta.

Em tempo: conta a lenda que a mãe do Marcos conheceu o pai num jogo do Coritiba. Tem que constar.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

10 anos sem Marcos Prado



O Marcos Prado era curitibano – pobre e beberrão. Imaginem o inferno que foi viver justamente na cidade mais conservadora do sul do cu do mundo. Aqui, para viver, artista tem que pedir por favor. Cidade má para com seus mais dotados, só dá valor quando o sujeito morre ou prestes a ir para o bico do corvo. Mas o Marcos não estava nem aí para essa cambada sem alma. E escolheu, entre as muitas, a Curitiba que amava. Viveu como um dândi. E a mulherada fazia fila para entrar debaixo do seu cobertor. Genial, polêmico, Marcos Prado tinha um parceiro em cada canto. Ele, o canalha perfeito, capaz de fazer qualquer um rir a noite inteira e nem perceber que acabava pagando toda a bebida. Tudo a seu redor respirava uma atmosfera de poesia e encantamento. Ébrio ou sóbrio, levou a vida além dos limites. E riu como poucos riram da mediocridade curitibana. Bebedor voraz, fumante insaciável, poeta em tempo integral. Prado é destes poetas que tiveram a coragem (ou imprudência?) de impregnar a chama eterna da poesia que tanto amava com os fragmentos descartáveis da vida. Clássico contemporâneo, lírico cibernético, épico barroco? Ei-lo, inteiro, o nosso saudoso poeta que, como seus iguais, absorveu todo o bem e o mal-querer destes séculos e, em vez de expressar desencanto, cinismo, morbidez e tristeza, conseguiu ir além e nos brindar com a saúde dos seus poemas, esses frutos vivos que, certamente, têm polpa, seiva e caroço suficientes para atravessar, com sabor, os séculos futuros.



Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado

sábado, dezembro 09, 2006




PRIMEIRA PESSOA


Ele me entregou o papel dobrado, pediu que eu lesse depois. Escondi no bolso. Fui lá levar umas coisas que ele estava precisando. Queria ler logo, não podia. Era pra depois - sozinha.



Um poema. O mais lindo que ele fez pra mim.

E o último.


Monica

sexta-feira, dezembro 08, 2006


marcos





Fundação Cultural promove homenagem a Marcos Prado

(publicado em 07/12/2006)



Os dez anos da morte do poeta e compositor curitibano Marcos Prado (1961-1996) serão lembrados este mês com uma extensa programação de eventos que inclui shows e declamação de poemas em bibliotecas, teatros e bares de Curitiba. Marcos Prado faleceu aos 35 anos, mas deixou uma obra poética sólida, expressa em vários livros e em dezenas de músicas. A homenagem é promovida pela Fundação Cultural de Curitiba, em parceria com a Biblioteca Pública do Paraná. A programação começa no dia 7 e se estende até 15 de dezembro.


Marcos Prado foi também escritor, tradutor, letrista e ator. Publicou os livros “De leve não vale a pena apesar” (1979), “O Livro dos Contrários” (1995) e o “Livro de Poemas de Marcos Prado” (1996). Suas poesias integram as coletâneas “Sala 17” (1978), “Reis Magos” (1979), “Sangra:Cio” (1980), “Feiticeiro Inventor” (1985) e “Outras Praias/Others Shores” (1998). Suas composições foram gravadas pelas bandas Beijo AA Força e Os Cervejas, e pelo cantor Tatára. As músicas também fazem parte do repertório de cantores como Beto Trindade, Walmor Góes, Sidail César, Adriano Sátiro e Oswaldo Rios. Recentemente, a Travessa dos Editores lançou a obra “Ultralyrics” – uma compilação das principais peças poéticas de Prado. O livro foi organizado pelo diretor teatral Felipe Hirsch e trouxe um CD encartado com canções do poeta executadas pelo Beijo AA Força.


A obra de Marcos Prado exerceu grande fascínio sobre poetas, escritores e artistas da sua geração. “Marcos Prado proibiu-se o provincianismo e procurou não se deixar colonizar culturalmente. Seu compromisso com a beleza exigiu sempre a experimentação do limite, a exposição à fronteira, o risco”, afirma o professor de Literatura, Edson José da Costa, da Universidade Federal do Paraná. Para o poeta Thadeu Wojciechowski, “Marcos Prado tinha técnica de fazer inveja a um Cruz e Souza, Augusto dos Anjos, Paulo Leminski”. “Era um escritor gregário, fanático por parcerias”, diz o jornalista Luiz Cláudio de Oliveira.


Marcos Prado completou 35 anos no dia 15 de dezembro e faleceu no último dia do ano. O auge da programação em homenagem ao poeta está reservado para a próxima sexta-feira (15). Neste dia, a Feira do Poeta promove shows, lançamentos, declamações, exibição de vídeos e exposição sobre a vida e a obra de Marcos Prado. Os poetas Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos lançam o livro “Não temos nada a perder” e o publicitário Rettamozzo, com a banda Pumcatapumtimbum, lança o CD “As crianças da platéia”.



Confira a programação do evento:


10 a 14/12 (Dom. a 5ª f)
ACABOU-SE TUDO
Declamações de poemas de Marcos Prado
Declamadores: Adriano Smaniotto, Antonio Thadeu Wojciechowski (direção), Batista de Pilar, Edson de Vulcanis, Gigio Venturelli, Ivan Justen Santana, Monica Prado Berger,Tácito Cordeiro Neto. Participação especial: Ieda Godoy
Locais: Biblioteca Pública do Paraná e mais 10 bares da cidade

10/12 (Dom.)
Café com Bolinho, às 12h
Sal Grosso Churrasco Bar, às 13h

11/12 (2ª f)
Hall Térreo da Biblioteca Pública do Paraná, às 18h
Era só o que faltava, às 23h

12/12 (3ª f)
O Torto Bar, às 22h
Wonka Bar, às 23h

13/12 (4ª f)
Don Max Água Verde, às 22h
Hermes Bar, às 23h

14/12 (5ª f)
Chinasky Bar, às 21h
Beto Batata, às 22h
Bar A Gata Comeu, às 23h

15/12 (6ª f)
CELEBRAÇÃO AO ANIVERSÁRIO DO POETA MARCOS PRADO
Local: Feira do Poeta / Palacete Wolf (Praça Garibaldi, nº 7), a partir das 19h

19h
OS CATALÉPTICOS
Palestra sobre as livres-adaptações feitas por Marcos Prado e parceiros
Poeta e Professor de Literatura: Adriano Smaniotto


20h
DE CARA COM O PRADO I
Abertura da exposição
Horário de visitação: 9h às 18h



NÃO TEMOS NADA A PERDER
Lançamento do livro
Autores: Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
Local: Livraria Dario Vellozo

NO FIM DA PICADA
Performance com poemas de Marcos Prado
Direção e atuação: Jota Eme

MARCOS PRADO TRIDIMENSIONAL
Vídeo com o poeta
Seleção do material: Araiê Prado Berger de Oliveira e Antonio Thadeu Wojciechowski.
Roteiro, adaptação e edição: Rafael Lopes

COMES & BEBES & FUMACÊS
Coquetel

21h
BANDA PUMCATAPUMTIMBUM
Lançamento do CD As crianças da platéia
Baile da 1ª idade, em homenagem ao espírito infantil (erê) do poeta Marcos Prado
Banda Pumcatapumtimbum:
Palhaço com fala, disritmia e clímax: Retta
Voz e acordeom: Maestro Manchinha
Voz, violão, cavaquinho, cordas e outros: Gegê Felix
Voz, rabeca, pandeiro e brinquedos: Carlinhos Ferraz
Voz e percussão: Thayana Barbosa

21h30m
ACABOU-SE TUDO
Declamações de poemas de Marcos Prado
Declamadores: Adriano Smaniotto, Antonio Thadeu Wojciechowski (Direção), Carlos Daitschman, Edson de Vulcanis, Gigio Venturelli, Monica Prado Berger.
Participação especial: Ieda Godoy

22h
MUSA PUNK
Músicas em parceria com Marcos Prado
Luiz Ferreira e Walmor Góes

O LOUCO IN LOCO
Poema visual sobre tela Retta

22h30m
PUNK POGO PRADO
Som mecânico para música ambiente
Bandas e músicos curitibanos: Antonio Thadeu Wojciechowski, Beijo AA Força, Os Catalépticos, Os Cervejas, Opinião Pública, Tatára, Trindade e outros nacionais e internacionais.
Edição sonora: Luiz Ferreira



PROGRAMAÇÃO PARALELA


07 e 08/12 (5ªf e 6ª f)
Local: A Gata Comeu, às 22h
Organização e produção: Ivan Justen Santana

22h
MERDA DREAM
Véspera da semana de homenagens
Microfone aberto para declamações poéticas

00h01m
IMAGINE!?
Abertura não-oficial do evento MARCOS PRADO (1961-1996)

Noite das Traduções
Antonio Thadeu Wojciechowski, Edson de Vulcanis, Ivan Justen Santana, Márcio Cobaia Goedert, Marcos Prado - In Memoriam - e Roberto Prado

Celebração da data: O OITO DE DEZEMBRO
08/12/65aC: Nascimento do poeta e tradutor latino Horácio
08/12/1943: Nascimento de Jim Morrison
08/12/1980: Assassinato de John Lennon
08/12/1984: Lançamento do livro Um atrapalho no trabalho, de John Lennon. Tradução: Paulo Leminski

10 a 15/12 (Dom. a 6ª f)

BOLACHA DE CHOPE POÉTICA E SANTINHO POÉTICO
Impressos com poemas de Marcos Prado para serem distribuídos na Biblioteca Pública do Paraná, nos 10 bares participantes do evento e na Feira do Poeta.
Seleção dos poemas: Antonio Thadeu Wojciechowski e Rosana Cavalcanti de Albuquerque

POEMA-CARTAZ
Impressos com poemas de Marcos Prado para serem distribuídos nas Escolas Públicas Estaduais, na Biblioteca Pública do Paraná, nos 10 bares participantes do evento, nas Bibliotecas da Fundação Cultural de Curitiba e na Feira do Poeta.
Seleção do poema: Ivan Justen Santana

10/12/2006 a 31/03/2007
DE CARA COM O PRADO
Exposição itinerante sobre o poeta Marcos Prado
Seleção: Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado.
Criação e Arte: Ubiratan Gonçalves de Oliveira

Biblioteca Pública do Paraná
Período: 11 a 31/12/2006
Horário: 2ª a 6ª das 8h30m às 20h - Sáb. das 8h30m às 13h

Sal Grosso Churrasco Bar
Período: 10 a 31/12/2006
Horário: 2ª a Dom - 14h às 24h

Hermes Bar
Período: 05 a 20/01/2007
Horário: 3ª a Sáb. – A partir das 18h30m

Café com Bolinho
Período: 05 a 20/01/2007
Horário: 3ª a Dom. - 19h às 24h

Chinasky Bar
Período: 25/01 a 10/02/2007
Horário: 4ª a Dom - Após 20h

Beto Batata
Período: 25/01 a 10/02/2007
Horário: 2ª a Dom. - 11h à 01h

Don Max Batel
Período: 15/02 a 10/03/2007
Horário: 2ª a Dom. - A partir das 18h

Bar A Gata Comeu
Período: 15 a 31/03/2007
Horário: 2ª a Dom. - 18h às 24h

13/12 (4ª f)
HOMENAGEM A ADÉLIA PRADO
Organização e produção: Helio leites
18h - Missa em Ação de Graças pelo aniversário da poeta
Local: Catedral Metropolitana de Curitiba
19h - Comemoração festiva pelo Adélia Fã Clube.
Participação de Efigênia Rolim, Kátia Horn, Baleska Horn e Hélio Leites
Local: Teatro Universitário de Curitiba (TUC)

Mais informações: Feira do Poeta (41) 3321-3317 e no site www.fccdigital.com.br

ENDEREÇOS
www.orkut.com – Comunidade Marcos Prado ou Merda Dream
http://mpdeoliveira.blogspot.com
www.polacodabarreirinha.blogspot.com

Bar A Gata Comeu
Rua Ubaldino do Amaral, 643 - Alto da XV
Fone: 3023-9902

Beto Batata
Rua Prof. Brandão, 678 – Alto da XV
Fone: 3262-0840

Biblioteca Pública do Paraná
Rua Cândido Lopes, 133 - Centro.
Fone: 3221-4900

Café com Bolinho
Praça Garibaldi, 39 - Setor Histórico - Centro
Fone: 3222-5118

Chinasky Bar
Rua Inácio Lustosa, 530 – São Francisco
Fone: 3323-3970

Don Max Água Verde
Rua Ten. Max Wolf Filho, 37 – Água Verde
Fone: 3343-7989

Don Max Batel
Rua Des. Costa Carvalho, 53 – Batel
Fone: 3242-9469

Era só o que faltava
Avenida República Argentina, 1334 – Água Verde
Fone: 3342-0826

Feira do Poeta / Palacete Wolf
Praça Garibaldi, 7 - Setor Histórico - Centro
Fone: 3321-3317

Hermes Bar
Avenida Iguaçu, 2504 – Água Verde
Fone: 3018-9320

Livraria Dario Vellozo / Palacete Wolf
Praça Garibaldi,7 - Setor Histórico - Centro
Fone: 3321-3379

Sal Grosso Churrasco Bar
Rua Dr. Claudino dos Santos, 59 - Largo da Ordem - Centro
Fone: 3222-8286

O Torto Bar
Rua Paula Gomes, 354 – São Francisco.
Fone 3027-6458

Teatro Universitário de Curitiba - TUC
Galeria Júlio Moreira – Largo da Ordem – Centro
Fone: 3321-3312

Wonka Bar
Rua Trajano Reis, 326 – São Francisco
Fone: 3026-6272


PROMOÇÃO DO EVENTO
Feira do Poeta / Coordenação de Literatura / Fundação Cultural de Curitiba - FCC
Biblioteca Publica do Paraná – BPP

APOIO AO EVENTO
• Homem de Ferro Produções;
• Chopp Brahma
• 10 bares da cidade, que trabalham a arte e a cultura em Curitiba, a saber:
01) A Gata Comeu
02) Beto Batata
03) Café com Bolinho
04) Chinasky Bar
05) Don Max
06) Era só o que faltava
07) Hermes Bar
08) O Torto Bar
09) Sal Grosso Churrasco
10) Wonka Bar


Autor : Assessoria de Imprensa
Fonte : Fundação Cultural de Curitiba

quinta-feira, dezembro 07, 2006

COMEÇA HOJE!


07 pra 08/12 (5ªf pra 6ª f)
Local: A Gata Comeu, às 22h
Organização e produção: Ivan Justen Santana


22h
MERDA DREAM
Véspera da semana de homenagens
Microfone aberto para declamações poéticas


00h01m
IMAGINE!?
Abertura não-oficial do evento MARCOS PRADO (1961-1996)


Noite das Traduções
Antonio Thadeu Wojciechowski, Edson de Vulcanis, Ivan Justen Santana, Márcio Cobaia Goedert, Marcos Prado - In Memoriam - e Roberto Prado


Banda convidada: Os Cervejas


Celebração da data: O OITO DE DEZEMBRO
08/12/65aC: Nascimento do poeta e tradutor latino Horácio
08/12/1943: Nascimento de Jim Morrison
08/12/1980: Assassinato de John Lennon
08/12/1984: Lançamento do livro Um atrapalho no trabalho, de John Lennon. Tradução: Paulo Leminski

quarta-feira, dezembro 06, 2006

PRONOMES POSSESSIVOS OU MARCOS PRADO E EU OU EU E MARCOS PRADO.


UM VELHO TEXTO. ATÉ O DISQUETE CHEIRA O MOFO DO HOTEL DOMUS PERTO DA REITORIA. AQUELE COBERTOR XADREZ. O CAFÉ POESIA. O COBAIA. O VULCANIS. A GENTE ANDANDO MEIO-DIA COM A DIÁRIA VENCIDA PELA RUA XV DE NOVEMBRO. ERA ISSO.


MEUS, OS SEUS TODOS.
SEUS, MEUS CADERNOS DE LÍNGUA.
MINHA, A SUA PORRA.
SEU, O MEU SÁBADO.
NOSSA, A COMIDA QUE EU TE COZINHO NO ESCURO.
SUA, SOZINHA, A CAMA QUE EU DESARRUMO E SUJO.
NOSSA, A PRESENÇA NO QUARTO,
DE FUMO E RESPOSTA, SANGUE E VODKA.
NOSSA, A MESMA TOALHA QUE EU MOLHO,
E TE ENXUGO.
SUA, A MINHA POLUIÇÃO CATEGÓRICA.
MESMOS, ÀS VEZES, OS NOSSOS PASSOS.


SUZANA CANO

terça-feira, dezembro 05, 2006

anti-gente



nem podia dizer bom dia
já se ouriçava o enxame
e nunca trocavam de pilha
faziam cartaz do meu nome


invadiam as minhas casas
agrediam meus guarda-costas
leiloavam as minhas pegadas
a fã número um era minha sogra


cara feia fazia bonito
não viam em mim a menor falha
mijavam com o meu pinto
só tinha um jeito de me livrar da canalha


quem me visse agora sentiria saudade
fiz maravilhas com o facão

uma perna que desce e não tem pé na extremidade
um braço que não termina na mão




Marcos Prado, Sérgio Viralobos, Trindade

segunda-feira, dezembro 04, 2006

"Curitiba é uma cidade bacana, uma cidade legal.
Só não é bacana comigo".
Marcos Prado






CURITIBA




vou acabar com a vida de um vício por mês
fumo meu último cigarro pela primeira vez
treme minha mão por um copo pela última vez
nunca mais encontrei a canalha da cannabis
acho que ela foi morar na tumba do lápis


do pó eu vim, vi e venci
e não retornarei ao pó


curitiba
você é a única droga
que eu vou admitir na minha vida




Marcos Prado e Antonio Thadeu Wojciechowski
p.s.: Lápis é Palminor Rodrigues Ferreira, célebre compositor curitibano que marcou as décadas de 60 e 70.




epístola ao poeta marcos prado


daqui desta terra firme
a ti, príncipe invicto,
mecenas das idéias de estirpe
do poeta mais indigno


enfermo de tua ausência
tento curar por escrito
a tua súbita transferência
quem quebrou deve colar o partido


tu te ausentastes de nossa esfera
porque esse povo maldito
te pôs em pé de guerra
e aí vives em paz contigo


os dias não mais te acham
o tempo, teimoso, bate e volta
pelo meio dos caminhos que passam
quando chegas à solidão que te revolta


vejamos pelo lado positivo:
não te batem mais à porta
o vendedor de enciclopédia, o falso amigo,
o verdadeiro amigo, esse bando de borra-bosta


hoje, aí na ilha, visitam-te pescadores de redada
povo simples, sincero e distraído
que entra com a boca fechada
e sai de queixo caído


caçula, fino, laurentino, magal e seo pseudônimo
três que bebem nada, dois que bebem todas por um
superagüi, água superior, menina dos olhos de posseidon
vistos do chão, céu e mar não se largam de jeito nenhum


tu, tesouro e tesoureiro, aquele pelo que vales
este, por seres como o pássaro sem pouso,
que come e dorme durante o vôo,
sabes ser vela e timão pelos sete mares


de noite tomas as frescas e vês as luas
de quarto em quarto até a nova escuridão
para, em claro, passá-la dormindo no bem bom
e quem sabe, certeza, sonhes e quiçá nele me incluas


eu, que como tu, escrevo por fora da linha
faço desta pena um cavalo para tuas visitas
nem adeuses nem até logos entre pessoas esquisitas
o que conversamos não se dissolve em cal fina.



Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
participação especial: Gregório de Matos Guerra
quantos pés tenho eu



se eu fosse um saci
eu comprava um tênis
se eu tivesse dois pés
eu comprava um duque de tênis
se eu tivesse três pés
eu comprava um terno de tênis
se eu tivesse quatro pés
eu comprava uma quadra de tênis
e dançava sozinho um bolero


Marcos & Trindade

domingo, dezembro 03, 2006

bate o meu coração acolá
e o seu sangue azula
seu coração bomba lá
e o meu sangue circula


às vezes olho pro céu
onde o sol não flutua
e até as nuvens, ó céus,
compõem sua figura


outras, olho pro mar
com o olho da rua
quero amor e amar
cansei de amargura


nesta manhã lunar
(o seu olhar me inaugura)
porque não aterrissar
neste que é seu, sua lua?



Marcos Prado

sábado, dezembro 02, 2006

Astrália, o blog, destina-se a divulgar os eventos de 9 a 15 de dezembro que acontecerão em Curitiba, em homenagem ao poeta Marcos Prado. Me comprometi com Araiê em mantê-lo até o fim do ano, postando poemas e canções, a grade de programação e o que rolar. Aceito gratíssima a colaboração dos amigos. Depois a Araiê vê o que faz.


O critério adotado para a escolha dos poemas postados será aleatório, como já aconteceu ontem. Vou abrir os livros ao léu e digitar, não sei antes levantar os olhos (ou baixá-los) e perguntar ao Marcos o que ele gostaria que acontecesse agora.


Valeu, moçada.
Tá valendo.


Monica


uma flor não pode ser outra
do diamante, qual o perfume?
de Marcos e Monica, como ser contra?


Marcos Prado - 1990

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Canção do camelo




desse deserto conheço cada grão de areia
à noite me segue sempre a mesma estrela
você é meu oásis e minha tâmara
rara como brisa em flor de âmbar



estou vivo dentro de uma natureza morta
não reconheço minhas próprias pegadas
nem a impressão de minha passadas passadas
atalhos que me trarão de volta



do alto, você chamusca o chão que eu piso
minha sombra é uma nuvem de gafanhotos
por esse mar arenoso eu deslizo



a sede dos meus cantis rotos
bebe a areia que virou vidro
e eu blatero ao sol meus perdigotos!


Marcos Prado & Edson de Vulcanis

quinta-feira, novembro 30, 2006


ultralyrics


Ultralyrics pela Travessa dos Editores
A poesia de Marcos Prado
sob a direção de Felipe Hirsch



O Felipe Hirsch é fã de carteirinha do Beijo AA Força e não é de hoje. Uma admiração que acabou se transformando em prova de amor a um dos grandes letristas da banda: Marcos Prado. Graças ao Fábio Campana e ao admirável trabalho que vem realizando na Travessa dos Editores, o livro está aí. Belíssimo. Graficamente o livro é um primor. Mas tudo recebeu o mesmo esmero máximo. Apresentação de Roberto Prado, contracapa de Mário Bortoloto, texto do Solda emocionantemente sincero, e a declaração do Felipe Hirsch, todos unanimemente adoradores da poesia de Marcos Prado.

A escolha dos poemas é do Felipe, que, fã incondicional do Beijo AA Força, estabelece como critério o lado mais punk do poeta. Sérgio Viralobos, principal parceiro do poeta, e da parte mais contundente de sua obra, deveria ter recebido um pouco mais de destaque, mas, enfim, critérios são critérios. A ausência dos nomes dos parceiros junto aos poemas também atrapalha um pouco a leitura e provoca erros de interpretação da obra do poeta, no leitor menos criterioso.

O livro, como o próprio Roberto Prado diz, é um sonho antigo de parceria dos dois irmãos. Ficou no meio do caminho, o Marcos sempre foi meio apressadinho. E deixou tudo desarrumado para o Roberto Prado arrumar. Mas o resultado final é simplesmente genial, um livro pra ser lido, decorado, copiado, plagiado e muito, mas muito amado.

Thadeu Wojciechowski

quarta-feira, novembro 29, 2006



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Depoimento de Nadyr Prado, 76 anos, a mãe do Sexto, para Sandra Solda, sobrinha do idem.

“Marcos Prado, em primeiro lugar, foi meu filho. O Marcos, difícil de explicar, era especial, tinha uma inteligência fora do normal e ansiava por aproveitar tudo isso, a capacidade que tinha de falar, de escrever, de fazer amigos, de discutir, de questionar tudo. Era muito alegre, onde estava tinha alegria, discussão, coisas que ele procurava. Quando estavam todos quietinhos num lugar, sem animação, procurava um grupo e semeava uma discussão, de futebol, de política, de qualquer coisa, e quando estava todo mundo animado, discutindo, saía e ia pra outra.

Desde os nove anos escrevia, fazia histórias em quadrinhos junto com os irmãos, tinham personagens, procuravam desenhar, sem saber. Escrevia, falava, e dava palpites. Era uma criança fácil de lidar, o menorzinho dos meninos, não incomodou quando era pequeno, era inteligente, não tinha aquelas coisas de criancinha que ficava implicando com uma coisa ou com outra, tinha mais o que fazer.

Ele gostava de fazer amigos, na escola tinha amigos, era amigo dos professores. Uma vez ele corrigiu o professor de português na aula e quase foi expulso da escola. Mas depois o professor falou-me que o Marcos realmente estava certo. O que acho errado era corrigir um professor, ele tinha dez anos, já sabia que não podia fazer isso.

Gostava de jogar handebol, tinha as medalhinhas dele, gostava de esportes, o queridinho do professor. Mas quando chorava, ele berrava, quando o Beco judiava dele, dava um tapinha, empurrava, qualquer coisa, abria a boca, berrava bem alto (risos). Até hoje os irmãos lembram disso. Era amigão do Beco, porque os irmãos são assim, uns são mais amigos. Adorava a Carmen Silvia, e ela também. A Vera, com o Marcos, era uma “coisa” os dois juntos.

Marcos era uma criança normal, tinha grande senso de humor, às vezes até demais, espantava as visitas. O pai dizia que ele seria o trabalhador da família (morreu quando Marcos tinha três anos), porque o Pedro e o Beco escapavam de qualquer coisa que tinham que fazer, como juntar o material escolar, por exemplo. Ele era organizado, ia lá e fazia.

Era carinhoso, quando via alguém que não estava bem de saúde, doente, ficava ali agradando e queria dar remédio, ficar cuidando.

Um fato diferente é que todos na minha família me tratam por “você”, e o Marcos era o único que me chamava de senhora, dizia que o certo era assim, que mãe é mãe. Alegre, tinha uma risada espontânea, onde estava aquilo se espalhava, ele ria mesmo, e não tinha tristeza.

Gostava de abraçar, de beijar a mãe, e de conversar, conversar, sobre vários assuntos, da escola. Era o único que contava da escola. Tinha mania de dizer que estava com “dor na alma”, o que eu acho que era uma tristeza, e ele dizia que era uma “dor na alma”.

Quando ele teve a filha, Araiê, foi uma alegria enorme, era louco pela filha, e depois se separaram, ficou longe dela e foi muito difícil. Ele era muito criança.

Como mãe, tenho orgulho pelo talento dele, a honestidade como gente, e mesmo com os problemas todos que tinha, era respeitado. Solto na rua como ele ficou um tempo, indo pra lá e pra cá, era honesto com os outros, essencialmente bom caráter, e se a pessoa é assim, passa por muitas coisas sem se machucar.

O que mais alegrava o Marcos era estar com os amigos, conversar sobre música, literatura, cantar, gostava muito de música brasileira, conhecia a fundo, sabia tudo, os antigos mestres da música.

Marcos era o mais inteligente dos irmãos, pelas posições dele, pelo que ele falava, pensava das coisas, reagia. A Vera sempre diz que o Marcos era o irmão mais velho dela, aquele que queria que fizesse tudo certinho, não faça isso, não faça aquilo, isso não está certo, queria tudo correto.

Quando criança, sempre foi normal. Jogava bola, brigava, corria, etc. Já o Beco, escrevia dia e noite. Porém também dava umas jogadinhas de bola, e uma vez, durante o jogo, pisou na mão do Marcos e quebrou a mão dele, isso virou piada para a vida inteira (risos). E como ele chorou. Era muito bom para os irmãos, era mais agarrado comigo, e o pai era agarrado com ele.

Com a morte dele ficou faltando um pedaço em mim, eu não sou mais inteira. Ainda mais um filho que é sempre lembrado, parece que não morreu. O Marcos tem alguns sobrinhos que fazem coisa parecida com o que ele fazia, e a gente sempre comenta.

Muitos achavam que ele não tinha família, era apenas irmão do Beco, que ele era um coitado que não tinha família, mas tinha mãe, seis irmãos e dezoito sobrinhos, alguns mais novos, que não o conheceram, mas todos gostam muito dele.

Ele era outro em casa, amável, com os problemas dele, claro, mas era alegre, atencioso com os outros, e gostava de fazer carinho. Pela sobrinha, Caroline, ele tinha verdadeira adoração e ela por ele. Fez até um poema dedicado a ela. O nosso Marcos era bom, íntegro, e amado por todos.

Em relação ao livro que vai ser lançado, significa que ele não viveu em vão, a vida dele está sendo lembrada, fez alguma coisa diferente de outras pessoas na mesma condição dele, e deixou essa herança. É lógico que a gente sente orgulho, acho ótimo o lançamento do livro e agradeço às pessoas que se interessaram e colaboraram para fazer tudo isso”.


21/11/2005