quinta-feira, outubro 13, 2011

Panelaço - O dia dos contrários




Nova edição do Panelaço homenageia o poeta Marcos Prado e traz Diego Medina, ex-Video Hits
A próxima edição do festival de rock Panelaço vai homenagear o poeta Marcos Prado (1961-1996), cuja obra foi muito influente sobre o movimento punk e pós-punk de Curitiba. Reunidos no palco do Teatro do Sesc da Esquina, os músicos da banda Os Elementos, oriundos de formações históricas da cidade, como Beijo aa Força e Opinião Pública, vão... mostrar canções baseadas em letras do homenageado. O festival acontece no dia 5 de novembro, a partir do meio-dia, com entrada gratuita, e abre a Virada Cultural Curitibana.
Além da banda-tributo, o festival tem mais cinco atrações: os grupos paranaenses Bardot em Coma, Crocodilla, Os Chuvas, A Sexta Geração da Família Palim do Norte da Turquia e Diego Medina, cantor e compositor gaúcho, líder da extinda banda Video Hits, uma das sensações do rock nacional do início da década passada. Medina será acompanhado por músicos experientes da cena de Porto Alegre e também contará com o reforço do fã e amigo carioca Kassin, produtor de Los Hermanos e Vanessa da Matta.
A homenagem inclui intervenções rápidas de poetas curitibanos no intervalo entre uma banda e outra. Os autores vão recitar poemas próprios, de Marcos Prado e, ainda, anunciar os grupos. Em respeito à trajetória de Prado, a curadoria do festival priorizou bandas que tenham conexões com o som punk e pós-punk, além de cuidado com as letras.
O festival é realizado pela Associação PrasBandas, com patrocínio do Sesc Paraná, apoio da Fundação Cultural de Curitiba e produção da Organização CulturArte (OCA). A primeira edição foi em 2010, no Teatro Universitário de Curitiba (TUC), com uma homenagem a Ivo Rodrigues, ex-vocalista da banda Blindagem, morto naquele ano. Em 2011, o Panelaço ganha o subtítulo "O dia dos contrários", em referência à obra de Marcos Prado. O documentário "Ultralyrics", do diretor Rafael Lopes, baseado na vida do poeta, será exibido na abertura.


Panelaço 2011

O dia dos contrários

O que: Festival de música independente

Onde: Teatro do Sesc da Esquina

Quando: 5 de novembro, 12 horas

Quanto: Grátis

Quem: Os Elementos, Bardot em Coma, Crocodilla, Os Chuvas, A Sexta Geração da Família Palim do Norte da Turquia e Diego Medina (RS).


Cronograma

12h00 - Abertura

12h15 - "Ultralyrics" (documentário)

12h30 - Roberto Prado* (recital)

12h50 - Os Elementos (show)

13h30 - Edson de Vulcanis* (recital)

13h50 - Bardot em Coma (show)

14h30 - Thadeu Wojciechowski* (recital)

14h50 - Crocodilla (show)

15h30 - Zoe de Camaris (recital)

15h50 - Os Chuvas (show)

16h30 - Edilson Del Grossi* (recital)

16h50 - A Sexta Geração da Família Palim do Norte da Turquia (show)

17h30 - Ivan Justen Santana* (recital)

17h50 - Diego Medina e banda (show)



*Poetas parceiros de Prado à confirmar



Curadoria Bandas: Dary Jr.

Curadoria Poetas: Araiê Prado Berger

segunda-feira, agosto 01, 2011

CAMPANHA DO ORIGINAL

Tenho em casa diversos textos originais do Marcos, uns muitos bons e outros que ele se revoltaria comigo se fossem publicados. Há anos tento reunir a obra.
Como meu pai era um poeta que escrevia a 2, 4, 6 ou 8 mãos sei que tem originais espalhados pela casa de todos os amigos e parceiros.
Quero fazer um projeto e preciso da ajuda de todos!
SCANEIE, XEROQUE, FOTOGRAFE, MANDE PELO CORREIO seu original
Segue abaixo um dos originais do Livro dos Contrários para inspira-los!
Mande para araie5@hotmail.com

ULTRALYRICS - O FILME



TRAILER DO FILME


Estreiou esta semana na Cinemateca de Curitiba o filme “Ultralyrics”, um documentário sobre a vida e a obra do poeta curitibano Marcos Prado, que morreu aos 35 anos de idade no dia 31 de dezembro de 1996. Ele foi poeta, compositor, ator, jornalista e agitador cultural. Deixou uma sólida contribuição artística. Foram mais de 20 livros publicados entre coletâneas, antologias, parcerias e projetos de sua autoria. Nos anos 80 e 90 inúmeras bandas gravaram suas composições, porém sua obra ainda não teve o devido reconhecimento público. Esse documentário resgata a memória desse importante personagem da literatura paranaense.

Sobre o Diretor:

Rafael Lopes nasceu em Curitiba em 27 de julho de 1984. Iniciou suas atividades profissionais no mercado audiovisual em 1999 aos 14 anos de idade na produtora de vídeo de sua família, atuando como editor de imagens e cinegrafista. Desde então produziu conteúdo para as mais diversas mídias. Em 2005, aos 21 anos de idade, iniciou suas atividades no cinema desenvolvendo trabalhos primeiramente em Curitiba e depois como freelancer em outras regioões do país. Participou de diversos projetos principalmente como montador cinematográfico, assistente de direção e cinegrafista. Em 2009 participou dos Cursos Práticos de Cinema Digital na Cinemateca de Curitiba como professor de prática profissional em edição cinematográfica. Como diretor finalizou em 2011 o filme “Ultralyrics”, um documentário sobre a vida e a obra do poeta curitibano Marcos Prado. Desenvolve projetos e pesquisas audiovisuais com ênfase em novas tecnologias.  Atua também como professor de Direção de Fotografia e de Montagem Cinematográfica em oficinas de cinema em Curitiba e Região Metropolitana.


Serviço:

Mostra de Cinema e Poesia
Local: Cinemateca de Curitiba
Data: 29/07/2011
Horário: 20h
Entrada franca

quarta-feira, dezembro 17, 2008

(Publicado no dia 16 de dezembro no blog do Fábio Campana)

Aniversário do Marcos Prado: parabéns para nós
Por Roberto Prado



Ontem, o poeta Marcos Prado completou seus 47 anos. Mas, quiseram os deuses e as musas da poesia que ele nos deixasse órfãos do seu incontrolável talento e contagiante alegria de viver na passagem do ano novo de 1996, não sem antes nos legar uma obra que resiste ao tempo sem perder aroma e sabor. Marcos Prado foi uma personalidade inquieta e um talento múltiplo que, mesmo com sua breve passagem entre nós, imprimiu sangue e vida no tantas vezes triste, oficialesco e provinciano ambiente cultural curitibano. Gregário por natureza, cercado de fiéis parceiros, ele fez parte de uma geração que, reunindo poetas, músicos, artistas gráficos e plásticos, cineastas, atores e afins, vem tentando, com as naturais dificuldades, tirar Curitiba de sua mórbida timidez, dando-lhe um ar mais moderno, alegre e cosmopolita. Para comprovar – e se deliciar - basta dar uma experimentada no belíssimo livro Ultralyrics, publicado pela Travessa dos Editores, que traz uma generosa seleção de diversas fases do poeta feita pelo diretor teatral e dramaturgo Felipe Hirsch. Além do livro, Ultralyrics permite ainda a luxuosa possibilidade de ler os textos enquanto escutamos o CD Aquelas canções do Marcos Prado, em performances estonteantes das bandas Beijo AA Força e Maxixe Machine. Parabéns para o Marcos Prado e, principalmente, para nós, que sobrevivemos para velar pelas boas energias deste mundo.

Clique no “Leia Mais” para ver dois presentes de aniversário do poeta.


(Presente 1)

passarinhos
piem na minha janela
façam uma serenata para mim esta noite
eu preparo as pipocas
e a mesa com frutas
vocês cantam e comem
eu bebo e danço

se a canção for triste
choramos todos juntos
se for alegre, barulho!
os vizinhos que se fodam

caso eles dindon
eu abro a porta: “entrem”
se não quiserem
cagamos na cabeça deles
e recomeçamos
na mesma nota

quando amanhecer, eu sei,
vocês têm trabalho
podem ir, mas já estão convidados
para a noite que vem
e podem trazer o resto da turma

(Presente 2)
Homem Remoto

a televisão carcomeu meu cérebro
assim como a vodca em outro episódio
por ela, espelho, virei vídeo
com ódio e áudio de mim mesmo

minha imagem paralisada, em foco
não tem controle pelo controle remoto
(só o bar Peixoto me faz sair da cama
curitibano tomando pinga com mel em copacabana)

vejo a tv como ela vê a mim, desconhecidos
enfim, como se vêem os íntimos antigos amigos
que não se falam, não se encontram e, sem pressa,
esperam, preferência, a ausência de si como festa

domingo, outubro 14, 2007

begônias silvestres




o sumiço da sua silhueta amiga
fez meu perfil baixar a cabeça
as cores da tarde, cinzas cinzas
as luzes da noite, negras negras


desaparecer não é pra qualquer um
só você, misto de mistério e dúvida
pode estar em lugar nenhum
e ainda me tocar, por música


Marcos Prado (1961/1996)

sábado, dezembro 30, 2006





anoiteceu em todo quintal
uma fieira de grilos transparentes
só / desapareço / brilhante



Astrália
Marcos Prado
1961-1996

Mais vivo do que nunca




Esse ano foi que é um tufo. Passou bem.
E ficou na saudade, assim como
Também ficou o poeta Marcos Prado.
Somo os 10 anos que ficamos sem
Ele e o resultado é um incômodo
Enorme, um final de ano marcado
Pra sempre a ferro e fogos de artifício.
Foi-se o cantor, o mestre ilusionista,
Rei da palhaçada, gênio do ofício,
Batuqueiro dos extremos, o artista,
Que deu vida e graça à alegria
E à poesia nossa de cada dia.

Trinta e um de dezembro, era uma vez
Mil novecentos e noventa e seis.


Antonio Thadeu Wojciechowski

A Festa - 15 de dezembro













Dia 15 de dezembro - Rettamozo e JM














quarta-feira, dezembro 27, 2006

Dia 15 - declamadores, tocadores e cantores


A Riqueza do Pilar



MoniZoe emocionada



Tácito fotogênico



Edson Vulcanis de Aranha



Smaniotto no brilho



Justen ajustando



O Rei da Verve




Walmor, Ferreira e a supimpa presença de S. Viralobos
cantando sucessos que nunca mais ninguém escutou



Frank e e Ferry Lover debulhando as letras do Prado/
fotos de Alessandro Wojciechowski

Beto Batata e A Gata Comeu



Ivan disciplinando os batateiros




Thadeu arrepiando os gata comidos
Fotos de Ricardo Pozzo

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Registros / Chinaski


Adriano Smaniotto mandando bala



Ferry Lover, que música pouca é bobagem



Eu até cantei! O mundo está perdido mesmo



Taticamente, Tácito foi o porta-voz



No Chinaski, deu tudo certo.
Fotos de Ricardo Pozzo

sexta-feira, dezembro 15, 2006




o que aprendi com os amigos
não reneguei nem esqueci
não me acho o melhor dos vivos
e até hoje, que eu saiba, não morri


aprendi, sim, e com maestria
dos todos que até hoje encontrei
o amor pelo que chamam poesia
que é hoje tudo que tenho e sei


imaginei-me ontem o pior de todos
porque almejo algo acima do solo
como se em meu cérebro eletrodos
me jogassem dos 34 anos para o colo


hoje, porém, nascendo o dia azul
olhei pela janela e tudo amarelo –
havia em mim uma espécie de exul
tação aos amigos, à poesia, ao belo



Marcos Prado (1962-1996)

15 DE DEZEMBRO

Gente, hoje é o dia - apareçam!!!




15/12 (6ª f)
CELEBRAÇÃO AO ANIVERSÁRIO DO POETA MARCOS PRADO
Local: Feira do Poeta / Palacete Wolf (Praça Garibaldi, nº 7), a partir das 19h


19h
OS CATALÉPTICOS
Palestra sobre as livres-adaptações feitas por Marcos Prado e parceiros
Poeta e Professor de Literatura: Adriano Smaniotto


20h
DE CARA COM O PRADO I
Abertura da exposição
Horário de visitação: 9h às 18h


NÃO TEMOS NADA A PERDER
Lançamento do livro
Autores: Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
Local: Livraria Dario Vellozo


NO FIM DA PICADA
Performance com poemas de Marcos Prado
Direção e atuação: Jota Eme


MARCOS PRADO TRIDIMENSIONAL
Vídeo com o poeta
Seleção do material: Araiê Prado Berger de Oliveira e Antonio Thadeu Wojciechowski.
Roteiro, adaptação e edição: Rafael Lopes


COMES & BEBES & FUMACÊS
Coquetel


21h
BANDA PUMCATAPUMTIMBUM
Lançamento do CD As crianças da platéia
Baile da 1ª idade, em homenagem ao espírito infantil (erê) do poeta Marcos Prado
Banda Pumcatapumtimbum:
Palhaço com fala, disritmia e clímax: Retta
Voz e acordeom: Maestro Manchinha
Voz, violão, cavaquinho, cordas e outros: Gegê Felix
Voz, rabeca, pandeiro e brinquedos: Carlinhos Ferraz
Voz e percussão: Thayana Barbosa


21h30m
ACABOU-SE TUDO
Declamações de poemas de Marcos Prado
Declamadores: Adriano Smaniotto, Antonio Thadeu Wojciechowski (Direção), Carlos Daitschman, Edson de Vulcanis, Gigio Venturelli, Monica Prado Berger.
Participação especial: Ieda Godoy


22h
MUSA PUNK
Músicas em parceria com Marcos Prado
Luiz Ferreira e Walmor Góes

O LOUCO IN LOCO
Poema visual sobre tela Retta


22h30m
PUNK POGO PRADO
Som mecânico para música ambiente
Bandas e músicos curitibanos: Antonio Thadeu Wojciechowski, Beijo AA Força, Os Catalépticos, Os Cervejas, Opinião Pública, Tatára, Trindade e outros nacionais e internacionais.
Edição sonora: Luiz Ferreira

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Não quero ser seu namorado

você gastou tempo e perícia
pra que eu ficasse apaixonado
mas tropeçou em tanta astúcia
o seu charme piscou o olho errado


depois fumou todo meu cigarro
roubou meu isqueiro roubado
bateu a porta e o carro
e eu continuei ali sentado


outro dia chegou pelo correio
sua orelha e um pulso cortado
meu bem, te reconheci pelo cheiro
mas não fiquei preocupado


só saí e comprei um revólver
baby, eu não queria andar armado
mas sua estupidez não lhe deixa ver
que eu não quero ser seu namorado




Marcos Prado

quarta-feira, dezembro 13, 2006

O BEIJO PUNK




Nos anos 80, no boom do rock nacional, surgia uma banda em Curitiba chamada Beijo AA Força. Com muito sangue punk nas veias, faziam (e fazem) uma música ligeira pra diabo. Um dos seus letristas? Marcos Prado (15/12/1961, às 22:00, Curitiba-PR).

Esta, junto com Sergio Viralobos, virou um hit: a violência é tão fascinante/ queria ter dito isto antes/ não fui eu que inventei o terror/ nada me impede de ser um monstro/ ao menos por um minuto/ enquanto esquento o pavio curto/ um simples massacre no aeroporto/ com meu detonador de dinamite/ ver estrelas não é bonito?/ se você ainda estiver vivo/ desconfie do seu bom gosto/ o defeito melhora o seu rosto (Diário de um palestino).


Em sua carta astrológica a presença de Plutão e Urano surge na casa 1, aquela que revela a face que fazemos questão de mostrar ao mundo. Esta posição entre Plutão – o Destruidor e Urano – a Verdade Seca, combina com alguém que fazia da ironia e da destruição uma estética. Para você não dizer que eu estou forçando os fatos, veja o que a astróloga Liz Greene diz a respeito desse casamento: "Urano junto com Plutão sugere uma visão política, associada a uma necessidade urgente de destruir velhas atitudes e concepções. É evidente que essa é uma combinação extremamente obsessiva e potencialmente violenta. (...) a idéia básica de urano é a liberdade contra qualquer repressão, e se vocês colocarem isso junto com a urgente necessidade emocional de Plutão, então a busca por essa liberdade não será de forma alguma particularmente gentil. As pessoas que nasceram por volta de 61 a 68 têm este aspecto. Resta saber em qual casa astrológica eles residem (essa informação depende do horário do nascimento) e com isso apontar em qual área da vida de cada um dessa geração tende a romper e a destruir velhas estruturas".

No caso do Marcos, provavelmente ele foi empurrado a assumir enquanto persona essa face Urano-Plutão.

Esta conjunção planetária é muito o espírito do punk, do do it yourself, cruza de Nietszche com Gregório de Mattos, puro niilismo. Aliás, essa geração rompe com o sonho hippie da geração anterior, da turma do Paulo Leminski, significada por um forte aspecto de Netuno, o deus do amor universal e da comunhão. Geração Urano-Plutão não espera a redenção e nem tem ilusões. Eles vieram para destruí-las. Este espírito anárquico era uma constante nos poemas de Marcos Prado. Por exemplo:


uma casinha financiadinha/ uma mulherinha e três filhinhos/ um empreguinho e um creditozinho/ tomar nos fins da semaninha/ uma cervejinha com os amiguinhos/ eta vida bosta meu deus!


Urano e Plutão estão em Virgem, no momento do seu nascimento. Acompanha mais um pouco o pensamento da Liz Greene: "Os valores que serão atacados serão os tipicamente virginianos: empregos burocráticos (...), uma existência monótona, obediência sem nenhum questionamento ao sistema, materialismo mesquinho, preocupação com a ordem e com a moralidade convencional".


Marcos Prado foi um genuíno representante desta geração. Nele os mitos são estraçalhados com uma ferocidade tremenda. Não sobra ninguém. Indivíduos da Canhota Militante, o comunismo, os amantes, a democracia, a astrologia, a posteridade, meninas burguesinhas e ele próprio são destruídos com a mesma força.


este traste que você está vendo/ conhece todos os teus defeitos

Só me resta gostar dos outros/ já que fodeu tudo/ tudo bem, existe bom e monstro (...)


Somando isso com a forte ênfase em signos de Fogo (ele é um Sagitário, Lua em Áries e Leão Ascendente) fez com que fosse uma pessoa inquieta, arteira, viva, explosiva e sedenta de espírito e velocidade. O exagero. O excesso do excesso. A gargalhada. Aqui há o exagero, tanto no entusiasmo quanto na tristeza.


Não o conheci pessoalmente, mas com essa configuração no mapa imagino que ele deve ter sido uma pessoa que estava sempre pronto para liderar (Lua em Áries) contagiando a todos com seu pensamento e entusiasmo (Sol-Mercúrio em Sagitário). Ao mesmo tempo, sincero como um cavalo, impulsivo como um grito.

Ênfase em signos de Fogo sugere uma alma rebelde que se sente preso no corpo. Porque Fogo valoriza o espírito, a alma, a fantasia, a criação, a rebeldia, o lance de trazer luz à luz. Incomoda-se um pouco com as limitações que o corpo impõe. Enfim, a pessoa é um incendiário.


Marcos Prado foi um agitador cultural. Às próprias custas. Lançou, sem estar vinculado a qualquer editora, n livros de poesia. Um atrás do outro. Nos quais compartilhava a criação com outras cabeças e corações. Inventou junto com seus parceiros (Thadeu, Roberto Prado, Cobaia, Vulcanis, Viralobos, etc.) o fazer poesia em coletivo. Essa era uma maneira de achincalhar com a sua individualista Curitiba e, principalmente, um modo de se divertir à beça.

Aquele impulso todo de destruição, indicado por seu Urano-Plutão, vai explodir na casa 4 da carta astrológica de Curitiba. A casa 4 representa valores profundamente enraizados num mapa em questão. No caso, uma vida comedida e baseada no trabalho representado pelo signo que ocupa este lugar, Virgem. Os valores da classe média que Marcos fez questão de mostrar o quanto é mediana e medíocre. É como se Plutão de Marcos, ali localizado, mostrasse todos os podres que são mantidos em segredo. Sabe quem também fez isso por ter essa mesma situação do seu mapa incidindo sobre o mapa de Salvador? Gregório de Mattos.

Marcos Prado se identificava muito com o espírito do Gregório. Principalmente com aquele da boca suja, da ironia violenta, do destruidor que o fez ganhar o singelo codinome de Boca do Inferno. Essa semelhança se vê no resgate do soneto movido a mote tão comuns a Gregório. Aliás, outra rebeldia, numa época que a “poesia concreta” (que ele odiava) e o hai-cai estavam virando regra.

Gregório acabou sendo exilado. Marcos Prado morreu em Curitiba, no dia 31 de dezembro de 1996.

se o corpo abandonar minha alma/ não tenha de mim uma idéia falsa/ não chore, mantenha a calma/ estou morto por minha causa/.../ cuidado: assim como sua mala/ o meu caixão não terá alça

Morreu num dia no qual invariavelmente há expectativa de festa. Fez de propósito.


João Acuio
p.s.: J. Acuio é astrólogo, reside em Curitiba e posssui um blog: Num dia de Júpiter, na hora de Marte

terça-feira, dezembro 12, 2006





Não se afobe com essa menina,
é preciso classe para dominá-la.
Calma, ela é que o ensina
onde se deve ou não tocá-la.



Por ter as formas perfeitas,
e os macios, simétricos gomos,
é mais carinhosa com quem a ajeita
do que quem a persegue como gnomos.



Apesar de ser o centro das atenções,
e ter poder sobre o mundo todo,
ela rola, humilde, entre as paixões,
exposta ao sol, à chuva, ao lodo.



Não se incomoda que a matem no peito,
que a chutem, que a dividam, que a isolem,
que a levem no bico, e, com efeito,
ela procura o ângulo que lhe escolhem.



Carente, ela também busca o abraço
daquele que melhor a encaixe,
do que a tem ao alcance do braço,
dona absoluta do seu passe.



Com o tempo, seus parceiros mudam.
Alguns, com ela, conseguem glória e dinheiro
e pensam que a dominam. Mas não se iludam:
ela sempre comemora o gol primeiro.



Esta é a bola, genial, feminina,
fascínio de quem defende e ataca.
Aos grossos, ela, cruel, fulmina.
Aos artistas, ela brinda o gol de placa.



marcos prado

p.s.: a garota da foto é Araiê, a filha única do poeta.

Em tempo: conta a lenda que a mãe do Marcos conheceu o pai num jogo do Coritiba. Tem que constar.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

10 anos sem Marcos Prado



O Marcos Prado era curitibano – pobre e beberrão. Imaginem o inferno que foi viver justamente na cidade mais conservadora do sul do cu do mundo. Aqui, para viver, artista tem que pedir por favor. Cidade má para com seus mais dotados, só dá valor quando o sujeito morre ou prestes a ir para o bico do corvo. Mas o Marcos não estava nem aí para essa cambada sem alma. E escolheu, entre as muitas, a Curitiba que amava. Viveu como um dândi. E a mulherada fazia fila para entrar debaixo do seu cobertor. Genial, polêmico, Marcos Prado tinha um parceiro em cada canto. Ele, o canalha perfeito, capaz de fazer qualquer um rir a noite inteira e nem perceber que acabava pagando toda a bebida. Tudo a seu redor respirava uma atmosfera de poesia e encantamento. Ébrio ou sóbrio, levou a vida além dos limites. E riu como poucos riram da mediocridade curitibana. Bebedor voraz, fumante insaciável, poeta em tempo integral. Prado é destes poetas que tiveram a coragem (ou imprudência?) de impregnar a chama eterna da poesia que tanto amava com os fragmentos descartáveis da vida. Clássico contemporâneo, lírico cibernético, épico barroco? Ei-lo, inteiro, o nosso saudoso poeta que, como seus iguais, absorveu todo o bem e o mal-querer destes séculos e, em vez de expressar desencanto, cinismo, morbidez e tristeza, conseguiu ir além e nos brindar com a saúde dos seus poemas, esses frutos vivos que, certamente, têm polpa, seiva e caroço suficientes para atravessar, com sabor, os séculos futuros.



Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado

sábado, dezembro 09, 2006




PRIMEIRA PESSOA


Ele me entregou o papel dobrado, pediu que eu lesse depois. Escondi no bolso. Fui lá levar umas coisas que ele estava precisando. Queria ler logo, não podia. Era pra depois - sozinha.



Um poema. O mais lindo que ele fez pra mim.

E o último.


Monica

sexta-feira, dezembro 08, 2006


marcos





Fundação Cultural promove homenagem a Marcos Prado

(publicado em 07/12/2006)



Os dez anos da morte do poeta e compositor curitibano Marcos Prado (1961-1996) serão lembrados este mês com uma extensa programação de eventos que inclui shows e declamação de poemas em bibliotecas, teatros e bares de Curitiba. Marcos Prado faleceu aos 35 anos, mas deixou uma obra poética sólida, expressa em vários livros e em dezenas de músicas. A homenagem é promovida pela Fundação Cultural de Curitiba, em parceria com a Biblioteca Pública do Paraná. A programação começa no dia 7 e se estende até 15 de dezembro.


Marcos Prado foi também escritor, tradutor, letrista e ator. Publicou os livros “De leve não vale a pena apesar” (1979), “O Livro dos Contrários” (1995) e o “Livro de Poemas de Marcos Prado” (1996). Suas poesias integram as coletâneas “Sala 17” (1978), “Reis Magos” (1979), “Sangra:Cio” (1980), “Feiticeiro Inventor” (1985) e “Outras Praias/Others Shores” (1998). Suas composições foram gravadas pelas bandas Beijo AA Força e Os Cervejas, e pelo cantor Tatára. As músicas também fazem parte do repertório de cantores como Beto Trindade, Walmor Góes, Sidail César, Adriano Sátiro e Oswaldo Rios. Recentemente, a Travessa dos Editores lançou a obra “Ultralyrics” – uma compilação das principais peças poéticas de Prado. O livro foi organizado pelo diretor teatral Felipe Hirsch e trouxe um CD encartado com canções do poeta executadas pelo Beijo AA Força.


A obra de Marcos Prado exerceu grande fascínio sobre poetas, escritores e artistas da sua geração. “Marcos Prado proibiu-se o provincianismo e procurou não se deixar colonizar culturalmente. Seu compromisso com a beleza exigiu sempre a experimentação do limite, a exposição à fronteira, o risco”, afirma o professor de Literatura, Edson José da Costa, da Universidade Federal do Paraná. Para o poeta Thadeu Wojciechowski, “Marcos Prado tinha técnica de fazer inveja a um Cruz e Souza, Augusto dos Anjos, Paulo Leminski”. “Era um escritor gregário, fanático por parcerias”, diz o jornalista Luiz Cláudio de Oliveira.


Marcos Prado completou 35 anos no dia 15 de dezembro e faleceu no último dia do ano. O auge da programação em homenagem ao poeta está reservado para a próxima sexta-feira (15). Neste dia, a Feira do Poeta promove shows, lançamentos, declamações, exibição de vídeos e exposição sobre a vida e a obra de Marcos Prado. Os poetas Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos lançam o livro “Não temos nada a perder” e o publicitário Rettamozzo, com a banda Pumcatapumtimbum, lança o CD “As crianças da platéia”.



Confira a programação do evento:


10 a 14/12 (Dom. a 5ª f)
ACABOU-SE TUDO
Declamações de poemas de Marcos Prado
Declamadores: Adriano Smaniotto, Antonio Thadeu Wojciechowski (direção), Batista de Pilar, Edson de Vulcanis, Gigio Venturelli, Ivan Justen Santana, Monica Prado Berger,Tácito Cordeiro Neto. Participação especial: Ieda Godoy
Locais: Biblioteca Pública do Paraná e mais 10 bares da cidade

10/12 (Dom.)
Café com Bolinho, às 12h
Sal Grosso Churrasco Bar, às 13h

11/12 (2ª f)
Hall Térreo da Biblioteca Pública do Paraná, às 18h
Era só o que faltava, às 23h

12/12 (3ª f)
O Torto Bar, às 22h
Wonka Bar, às 23h

13/12 (4ª f)
Don Max Água Verde, às 22h
Hermes Bar, às 23h

14/12 (5ª f)
Chinasky Bar, às 21h
Beto Batata, às 22h
Bar A Gata Comeu, às 23h

15/12 (6ª f)
CELEBRAÇÃO AO ANIVERSÁRIO DO POETA MARCOS PRADO
Local: Feira do Poeta / Palacete Wolf (Praça Garibaldi, nº 7), a partir das 19h

19h
OS CATALÉPTICOS
Palestra sobre as livres-adaptações feitas por Marcos Prado e parceiros
Poeta e Professor de Literatura: Adriano Smaniotto


20h
DE CARA COM O PRADO I
Abertura da exposição
Horário de visitação: 9h às 18h



NÃO TEMOS NADA A PERDER
Lançamento do livro
Autores: Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos
Local: Livraria Dario Vellozo

NO FIM DA PICADA
Performance com poemas de Marcos Prado
Direção e atuação: Jota Eme

MARCOS PRADO TRIDIMENSIONAL
Vídeo com o poeta
Seleção do material: Araiê Prado Berger de Oliveira e Antonio Thadeu Wojciechowski.
Roteiro, adaptação e edição: Rafael Lopes

COMES & BEBES & FUMACÊS
Coquetel

21h
BANDA PUMCATAPUMTIMBUM
Lançamento do CD As crianças da platéia
Baile da 1ª idade, em homenagem ao espírito infantil (erê) do poeta Marcos Prado
Banda Pumcatapumtimbum:
Palhaço com fala, disritmia e clímax: Retta
Voz e acordeom: Maestro Manchinha
Voz, violão, cavaquinho, cordas e outros: Gegê Felix
Voz, rabeca, pandeiro e brinquedos: Carlinhos Ferraz
Voz e percussão: Thayana Barbosa

21h30m
ACABOU-SE TUDO
Declamações de poemas de Marcos Prado
Declamadores: Adriano Smaniotto, Antonio Thadeu Wojciechowski (Direção), Carlos Daitschman, Edson de Vulcanis, Gigio Venturelli, Monica Prado Berger.
Participação especial: Ieda Godoy

22h
MUSA PUNK
Músicas em parceria com Marcos Prado
Luiz Ferreira e Walmor Góes

O LOUCO IN LOCO
Poema visual sobre tela Retta

22h30m
PUNK POGO PRADO
Som mecânico para música ambiente
Bandas e músicos curitibanos: Antonio Thadeu Wojciechowski, Beijo AA Força, Os Catalépticos, Os Cervejas, Opinião Pública, Tatára, Trindade e outros nacionais e internacionais.
Edição sonora: Luiz Ferreira



PROGRAMAÇÃO PARALELA


07 e 08/12 (5ªf e 6ª f)
Local: A Gata Comeu, às 22h
Organização e produção: Ivan Justen Santana

22h
MERDA DREAM
Véspera da semana de homenagens
Microfone aberto para declamações poéticas

00h01m
IMAGINE!?
Abertura não-oficial do evento MARCOS PRADO (1961-1996)

Noite das Traduções
Antonio Thadeu Wojciechowski, Edson de Vulcanis, Ivan Justen Santana, Márcio Cobaia Goedert, Marcos Prado - In Memoriam - e Roberto Prado

Celebração da data: O OITO DE DEZEMBRO
08/12/65aC: Nascimento do poeta e tradutor latino Horácio
08/12/1943: Nascimento de Jim Morrison
08/12/1980: Assassinato de John Lennon
08/12/1984: Lançamento do livro Um atrapalho no trabalho, de John Lennon. Tradução: Paulo Leminski

10 a 15/12 (Dom. a 6ª f)

BOLACHA DE CHOPE POÉTICA E SANTINHO POÉTICO
Impressos com poemas de Marcos Prado para serem distribuídos na Biblioteca Pública do Paraná, nos 10 bares participantes do evento e na Feira do Poeta.
Seleção dos poemas: Antonio Thadeu Wojciechowski e Rosana Cavalcanti de Albuquerque

POEMA-CARTAZ
Impressos com poemas de Marcos Prado para serem distribuídos nas Escolas Públicas Estaduais, na Biblioteca Pública do Paraná, nos 10 bares participantes do evento, nas Bibliotecas da Fundação Cultural de Curitiba e na Feira do Poeta.
Seleção do poema: Ivan Justen Santana

10/12/2006 a 31/03/2007
DE CARA COM O PRADO
Exposição itinerante sobre o poeta Marcos Prado
Seleção: Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado.
Criação e Arte: Ubiratan Gonçalves de Oliveira

Biblioteca Pública do Paraná
Período: 11 a 31/12/2006
Horário: 2ª a 6ª das 8h30m às 20h - Sáb. das 8h30m às 13h

Sal Grosso Churrasco Bar
Período: 10 a 31/12/2006
Horário: 2ª a Dom - 14h às 24h

Hermes Bar
Período: 05 a 20/01/2007
Horário: 3ª a Sáb. – A partir das 18h30m

Café com Bolinho
Período: 05 a 20/01/2007
Horário: 3ª a Dom. - 19h às 24h

Chinasky Bar
Período: 25/01 a 10/02/2007
Horário: 4ª a Dom - Após 20h

Beto Batata
Período: 25/01 a 10/02/2007
Horário: 2ª a Dom. - 11h à 01h

Don Max Batel
Período: 15/02 a 10/03/2007
Horário: 2ª a Dom. - A partir das 18h

Bar A Gata Comeu
Período: 15 a 31/03/2007
Horário: 2ª a Dom. - 18h às 24h

13/12 (4ª f)
HOMENAGEM A ADÉLIA PRADO
Organização e produção: Helio leites
18h - Missa em Ação de Graças pelo aniversário da poeta
Local: Catedral Metropolitana de Curitiba
19h - Comemoração festiva pelo Adélia Fã Clube.
Participação de Efigênia Rolim, Kátia Horn, Baleska Horn e Hélio Leites
Local: Teatro Universitário de Curitiba (TUC)

Mais informações: Feira do Poeta (41) 3321-3317 e no site www.fccdigital.com.br

ENDEREÇOS
www.orkut.com – Comunidade Marcos Prado ou Merda Dream
http://mpdeoliveira.blogspot.com
www.polacodabarreirinha.blogspot.com

Bar A Gata Comeu
Rua Ubaldino do Amaral, 643 - Alto da XV
Fone: 3023-9902

Beto Batata
Rua Prof. Brandão, 678 – Alto da XV
Fone: 3262-0840

Biblioteca Pública do Paraná
Rua Cândido Lopes, 133 - Centro.
Fone: 3221-4900

Café com Bolinho
Praça Garibaldi, 39 - Setor Histórico - Centro
Fone: 3222-5118

Chinasky Bar
Rua Inácio Lustosa, 530 – São Francisco
Fone: 3323-3970

Don Max Água Verde
Rua Ten. Max Wolf Filho, 37 – Água Verde
Fone: 3343-7989

Don Max Batel
Rua Des. Costa Carvalho, 53 – Batel
Fone: 3242-9469

Era só o que faltava
Avenida República Argentina, 1334 – Água Verde
Fone: 3342-0826

Feira do Poeta / Palacete Wolf
Praça Garibaldi, 7 - Setor Histórico - Centro
Fone: 3321-3317

Hermes Bar
Avenida Iguaçu, 2504 – Água Verde
Fone: 3018-9320

Livraria Dario Vellozo / Palacete Wolf
Praça Garibaldi,7 - Setor Histórico - Centro
Fone: 3321-3379

Sal Grosso Churrasco Bar
Rua Dr. Claudino dos Santos, 59 - Largo da Ordem - Centro
Fone: 3222-8286

O Torto Bar
Rua Paula Gomes, 354 – São Francisco.
Fone 3027-6458

Teatro Universitário de Curitiba - TUC
Galeria Júlio Moreira – Largo da Ordem – Centro
Fone: 3321-3312

Wonka Bar
Rua Trajano Reis, 326 – São Francisco
Fone: 3026-6272


PROMOÇÃO DO EVENTO
Feira do Poeta / Coordenação de Literatura / Fundação Cultural de Curitiba - FCC
Biblioteca Publica do Paraná – BPP

APOIO AO EVENTO
• Homem de Ferro Produções;
• Chopp Brahma
• 10 bares da cidade, que trabalham a arte e a cultura em Curitiba, a saber:
01) A Gata Comeu
02) Beto Batata
03) Café com Bolinho
04) Chinasky Bar
05) Don Max
06) Era só o que faltava
07) Hermes Bar
08) O Torto Bar
09) Sal Grosso Churrasco
10) Wonka Bar


Autor : Assessoria de Imprensa
Fonte : Fundação Cultural de Curitiba